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Apoiantes de Venâncio Mondlane marcham em Maputo em apoio ao novo partido Anamola

Centenas de apoiantes do político moçambicano Venâncio Mondlane saíram hoje às ruas de Maputo numa marcha pacífica de saudação ao Anamola (Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo), o novo partido fundado pelo ex-candidato presidencial. Foi a primeira mobilização do género desde as manifestações pós-eleitorais, há mais de um ano.

Durante cerca de duas horas, os manifestantes percorreram o trajeto entre o mercado do Xiquelene, nos arredores da capital, e a Praça dos Trabalhadores, no centro de Maputo. A marcha decorreu sem incidentes e contou com escolta policial, sinalizando um momento de relativa normalidade política após meses de tensão.

“Desde 15 de agosto temos aquele que vai defender o povo moçambicano”, afirmou Dinis Tivane, porta-voz do Anamola, durante o evento. “Esta marcha serviu também para mostrar ao país o que queremos ser e aquilo que condenamos. O Anamola é a esperança do povo moçambicano.”

Venâncio Mondlane, presidente e fundador do partido, não participou na iniciativa.

Segundo dados da plataforma Decide, até 21 de outubro pelo menos 2.790 pessoas permaneciam detidas, de um total de 7.200 presas no contexto das manifestações pós-eleitorais de 2024, que resultaram em 411 mortos.

O relatório “Cicatrizes da Democracia em Moçambique: Impactos Humanos e Falhas de Proteção nas Manifestações Pós-Eleitorais (2024-2025)” indica que as províncias de Maputo, Nampula, Zambézia e Sofala concentraram 78% dos casos de repressão, sobretudo entre jovens dos 18 aos 35 anos. As mulheres representaram 14% das vítimas de detenção, ferimentos ou morte, revelando uma vulnerabilidade acrescida.

Os protestos tiveram início em 21 de outubro de 2024, dois dias após o duplo homicídio do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, apoiantes de Mondlane, e prolongaram-se até março deste ano. No mesmo período, 3.700 pessoas ficaram feridas, incluindo mais de 900 por arma de fogo, e cinco continuam desaparecidas. O relatório documenta ainda 17 execuções com indícios políticos.

As eleições gerais de 2024, que deram a vitória a Daniel Chapo, da Frelimo, com 65,17% dos votos, foram contestadas por Mondlane, que denunciou fraude eleitoral e convocou protestos.

A violência cessou após o encontro entre Chapo e Mondlane, em março, que marcou o início de um processo de pacificação e de diálogo político. Esse processo inclui o compromisso do Governo de implementar reformas constitucionais e eleitorais.

Redação