Novo Nordisk perde valor de mercado após rever em baixa as previsões de crescimento para 2025
As vendas do Ozempic, medicamento injetável da Novo Nordisk originalmente destinado ao tratamento da diabetes tipo 2 e popularizado como solução para perda de peso, estão a registar uma quebra significativa. A farmacêutica dinamarquesa aponta uma combinação de fatores para justificar a tendência: concorrência crescente, ameaça de tarifas norte-americanas e necessidade de redução de custos.
Desde que reviu em baixa a sua previsão de vendas para o ano inteiro, na semana passada, a Novo Nordisk perdeu cerca de 95 mil milhões de dólares em valor de mercado. No primeiro semestre deste ano, as vendas de medicamentos como o Ozempic cresceram apenas 8%, longe dos 21% registados no mesmo período do ano anterior.
A farmacêutica tem vindo a perder quota de mercado para o Mounjaro, da norte-americana Eli Lilly, considerado mais eficaz segundo estudos recentes. O aumento da oferta de versões genéricas mais baratas também tem pressionado os resultados da empresa.
O CEO da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jørgensen, afirmou que a empresa está a implementar medidas para “melhorar a execução comercial, garantir eficiências na base de custos e continuar a investir no crescimento futuro”.
Ainda assim, as projeções foram revistas em baixa: a empresa espera agora um crescimento entre 8% e 14% em 2025 (a taxas de câmbio constantes), uma queda significativa face à previsão anterior de 13% a 21%.
Outro fator de pressão são as políticas comerciais dos Estados Unidos, em especial a ameaça de tarifas punitivas. Segundo Derren Nathan, chefe de pesquisa de ações na Hargreaves Lansdown, a política de preços de Donald Trump representa um risco adicional:
“As tarifas e a política de preços dos medicamentos são uma ameaça que Mike Doustdar (vice-presidente executivo da Novo Nordisk) terá de enfrentar de forma frontal, se quiser recuperar o estatuto da empresa como a mais valiosa da Europa.”
Embora atualmente vigore uma tarifa geral de 15% sobre as importações da UE, o cenário poderá agravar-se: o ex-presidente Trump tem sugerido a possibilidade de aplicar tarifas até 250% sobre medicamentos importados, no âmbito de uma investigação separada ao abrigo da Secção 232 da legislação norte-americana.
Redação com 24noticias.sapo.pt/