As reservas de sangue em Portugal e na Europa estão em níveis críticos, situação que já levou ao adiamento de cirurgias não urgentes nos últimos meses. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa — a maior unidade hospitalar do país — registou-se recentemente uma rutura inédita de sangue do tipo A, acionando todos os alarmes e motivando uma reunião de emergência.
Segundo o Nascer do SOL, a falta de sangue resulta sobretudo da diminuição de dadores, em especial entre os mais jovens, e das alterações demográficas provocadas pelo aumento da população imigrante. O tipo A é o mais comum entre estes cidadãos e o segundo mais prevalente entre os portugueses, a seguir ao tipo O.
Dados oficiais indicam que, a 31 de dezembro de 2024, Portugal tinha 1.546.521 cidadãos estrangeiros — quase quatro vezes mais do que em 2017. Apesar de o crescimento da população imigrante agravar a pressão sobre as reservas, especialistas sublinham que este grupo poderá também ajudar a reverter a tendência, num país cada vez mais envelhecido.
O diretor do Serviço de Sangue do Hospital de Santa Maria, Álvaro Beleza, apelou recentemente, na CNN Portugal, à doação urgente de sangue. A quebra mais acentuada verifica-se entre dadores até aos 44 anos, sendo que a maioria dos registados tem entre 60 e 70 anos — faixa etária que enfrenta mais limitações para doar.
As maiores necessidades de sangue surgem em cirurgias complexas e partos com complicações, estes últimos mais frequentes em gravidezes sem acompanhamento médico, particularmente entre mulheres imigrantes fora do sistema de saúde.
Em resposta, a Comunidade Sikh foi a primeira a mobilizar voluntários após o apelo público. Já o Instituto Português do Sangue e da Transplantação garantiu que, apesar da pressão sobre as reservas, “não há falta de sangue para os doentes internados” e que existem mecanismos nacionais e internacionais para assegurar o suporte transfusional, inclusive para grupos sanguíneos raros.
Redação com sol.sapo
