O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou esta terça-feira a divulgação dos ficheiros relativos a Jeffrey Epstein, criminoso sexual condenado e magnata financeiro conhecido pelas suas ligações a figuras influentes do panorama político, económico e cultural mundial, entre as quais Donald Trump.
O volume total da documentação ainda não foi clarificado. Contudo, o vice-procurador-geral Todd Blanche afirmou, em entrevista à Fox News Channel, que o departamento prevê divulgar “centenas de milhares” de documentos já hoje, seguindo-se mais centenas de milhares nas próximas semanas, segundo a agência Associated Press (AP).
A divulgação inclui fotografias, registos de chamadas telefónicas, depoimentos do júri e outros documentos, alguns dos quais já eram do domínio público. No seu conjunto, os ficheiros poderão constituir a análise mais detalhada até à data de quase duas décadas de investigações governamentais sobre o abuso sexual de jovens mulheres e raparigas menores de idade por Epstein.
A publicação destes documentos era há muito exigida pela opinião pública, interessada em saber se associados ricos e poderosos de Epstein tinham conhecimento — ou participação — nos abusos. As próprias acusadoras procuram igualmente respostas sobre as razões que levaram as autoridades federais a encerrar, em 2008, a investigação inicial às acusações.
Sob pressão do seu próprio campo político, Donald Trump sancionou, a 19 de novembro, um projeto de lei que concede ao Departamento de Justiça 30 dias para divulgar a maioria dos ficheiros e comunicações relacionados com Epstein, incluindo informação sobre a investigação à sua morte numa prisão federal. A aprovação da lei representou um raro momento de bipartidarismo, ultrapassando meses de resistência por parte de Trump e da liderança republicana.
Jeffrey Epstein foi encontrado morto na sua cela, em Nova Iorque, a 10 de agosto de 2019, antes de ser julgado por crimes sexuais. A sua morte alimentou inúmeras teorias da conspiração, segundo as quais teria sido assassinado para silenciar um escândalo envolvendo figuras proeminentes do país.
Durante a campanha presidencial de 2024, Donald Trump prometeu revelações “bombásticas” sobre o chamado “caso Epstein”, um bilionário com quem manteve amizade durante décadas. Nos últimos meses, porém, o Presidente republicano tem alterado o tom, classificando o caso como uma “farsa” criada pela oposição democrata.
Entre as imagens já divulgadas constam fotografias de Epstein num escritório com Steve Bannon, antigo conselheiro de Trump, bem como a posar com o cineasta Woody Allen e com o intelectual Noam Chomsky, aparentemente a bordo de um jato privado. Outras imagens mostram passaportes e cartões de identidade de mulheres ucranianas, russas e sul-africanas, com nomes e fotografias rasurados.
As ligações entre Epstein e as pessoas retratadas já eram conhecidas, e nenhuma das imagens divulgadas desde a semana passada parece evidenciar comportamentos criminosos. Na semana passada, congressistas democratas tornaram públicas várias fotografias adicionais, incluindo imagens de Trump, do ex-presidente Bill Clinton e do ex-príncipe britânico André.
Entre outras figuras retratadas encontram-se ainda Bill Gates, cofundador da Microsoft, e Richard Branson, fundador do Grupo Virgin.
Redação






