Nemo, artista que venceu a Eurovisão em 2024 pela Suíça, anunciou que vai devolver o seu troféu. A decisão é um protesto contra a participação de Israel no concurso, que Nemo considera uma tentativa de “suavizar a imagem de um Estado acusado de graves desonestidades”.
Nemo, artista que venceu a 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em 2024, em nome da Suíça, anunciou esta quinta-feira que vai devolver o seu troféu. Em causa está a participação de Israel, que Nemo diz ser uma forma de “suavizar a imagem de um Estado acusado de graves desonestidades”.
“No ano passado, venci o Festival da Eurovisão e, com ele, recebi o troféu. E embora esteja imensamente grata à comunidade em torno deste concurso e a tudo o que esta experiência me ensinou, tanto como pessoa como artista, hoje já não sinto que este troféu pertença à minha estante”, começou por escrever Nemo num comunicado na rede social Instagram.
Sublinhando que a Eurovisão “afirma representar a união, a inclusão e a dignidade de todos”, Nemo considerou que a “contínua participação de Israel, durante o que a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU concluiu ser um genocídio, demonstra um claro conflito entre estes ideais e as decisões tomadas pela União Europeia de Radiodifusão (UER)”.
Para Nemo, “não se trata de indivíduos ou artistas”, mas sim de um concurso que foi “repetidamente utilizado para suavizar a imagem de um Estado acusado de graves desonestidades, enquanto a UER insistia que a Eurovisão era ‘apolítica'”.
“Quando países inteiros se retiram devido a esta contradição, torna-se claro que algo está profundamente errado. Foi por isso que decidi devolver o meu troféu à sede da UER, em Genebra”, anunciou.
E atirou: “Se os valores que celebramos em palco não forem vividos fora dele, então até as canções mais belas perdem o seu significado. Aguardo o momento em que estas palavras e ações se alinhem”.
Nemo já tinha referido que participação de Israel “não faz sentido”
Em maio, na altura em que Basileia recebeu a 69.ª edição da Eurovisão, após a vitória da Suíça em 2024, Nemo já tinha referido que “não faz sentido que Israel” participe no concurso devido à atual ofensiva na Faixa de Gaza.
“Pessoalmente, acho que não faz sentido que Israel faça parte desta Eurovisão. E da Eurovisão em geral, neste momento”, afirmou Nemo, após lhe terem perguntado, numa entrevista ao HuffPost, sobre a sua opinião acerca de uma carta aberta de 70 ex-participantes a pedir a exclusão de Israel (que incluía o português Salvador Sobral).
“Não sei se quero entrar em pormenores, mas diria que não apoio o facto de Israel fazer parte da Eurovisão neste momento”, acrescentou. “Apoio o apelo à exclusão de Israel do Festival Eurovisão da Canção”.
Nemo sublinhou que “as ações de Israel estão fundamentalmente em desacordo com os valores que a Eurovisão pretende defender – paz, unidade e respeito pelos direitos humanos”.
Entre protestos e uma expulsão, participação de Israel marcou Eurovisão em 2024
Recorde-se que participação de Israel na Eurovisão no ano passado foi bastante criticada devido ao conflito na Faixa de Gaza. Ainda antes do concurso, oito representantes – incluindo a portuguesa iolanda – emitiram um comunicado conjunto, onde afirmaram estar “unidos contra todas as formas de ódio, incluindo o antissemitismo e a islamofobia”.
Já durante uma atuação no intervalo de umas semifinais, o cantor sueco Eric Saade – com ascendência palestiniana – foi alvo de críticas por ter usado um keffiyeh, um lenço associado à luta palestiniana, à volta do braço.
Na final, iolanda – que representou Portugal com ‘Grito’ – viu a sua atuação ser banida das redes sociais e do Youtube por ter o padrão de um keffiyeh desenhado nas unhas, em vez da cor branca que usou na atuação da semifinal.
Redação noticiasaominuto






