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CHUC preserva visão de dezenas de crianças com tumor maligno há uma década

Centro de Referência em Onco-Oftalmologia de Coimbra é o único do país e evita que famílias tenham de procurar tratamento no estrangeiro

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tem sido, ao longo da última década, fundamental na preservação da visão de crianças diagnosticadas com tumores malignos oculares. Desde a criação, em 2015, do Centro de Referência de Onco-Oftalmologia, 85 crianças receberam tratamento especializado, evitando a perda total da visão e, em muitos casos, a necessidade de recorrer a hospitais estrangeiros.

O centro, único em Portugal nesta área, também acompanhou mais de 300 adultos desde a sua fundação, revelou o coordenador do serviço, Guilherme Castela.

Entre as crianças tratadas está um menino de quatro anos, diagnosticado com retinoblastoma — o tumor ocular maligno mais comum na infância — ainda com quatro meses de idade. O caso é acompanhado de perto pelo pai, Clément Canton, que perdeu um olho devido ao mesmo tipo de cancro quando era criança.

“Quando o meu filho nasceu, disseram-nos que teríamos de ir a Paris todos os meses. Era um protocolo muito pesado, morávamos em Toulouse”, recordou Clément, de 36 anos, agora residente em Portugal.

A família mudou-se há quatro anos, e a decisão revelou-se acertada: “Foi uma surpresa muito agradável. O centro tem profissionais com grande competência e humanidade”, afirmou. Atualmente, o casal leva também o filho mais novo, de três meses, às observações mensais em Coimbra.

De acordo com Guilherme Castela, surgem cerca de seis novos casos de retinoblastoma por ano em Portugal, enquanto nos adultos o tumor mais comum é o melanoma ocular, com cerca de 40 diagnósticos anuais.

O médico sublinha que a deteção precoce é decisiva para salvar a vida, o olho e a visão do doente. O retinoblastoma pode ser identificado através de um reflexo branco na pupila, visível quando a luz incide sobre o olho da criança ou em fotografias tiradas com flash.

“Este é um tumor muito agressivo e precisa de ser tratado rapidamente”, alertou o coordenador, acrescentando que não há listas de espera para cirurgia no CHUC, precisamente pela urgência que a doença exige.

O centro está “ao nível dos melhores da Europa” e permite que os doentes sejam tratados em Portugal, sem necessidade de deslocações dispendiosas ao estrangeiro, como acontecia antes da sua criação.

Além dos doentes nacionais, o Centro de Referência de Onco-Oftalmologia do CHUC também acolhe crianças e adultos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Alguns destes pacientes, segundo Castela, foram os únicos casos fatais registados nos dez anos de funcionamento do serviço.

A presença do gene que predispõe ao tumor pode ser detetada ainda durante a gravidez, através de um simples exame de sangue, permitindo um acompanhamento precoce e decisivo.

Redação com noticiasdecoimbra