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Condição intestinal pode antecipar diagnóstico de Alzheimer e Parkinson em mais de uma década

A chave para compreender doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson pode estar no intestino, e não apenas no cérebro. Um estudo publicado na revista Science Advances identificou que pessoas com distúrbios digestivos comuns — como inflamações intestinais e deficiências nutricionais — apresentam maior probabilidade de desenvolver sintomas de perda de memória e outras manifestações associadas a estas doenças.

De acordo com os autores, compreender a ligação entre alterações do chamado “eixo intestino-cérebro” e a neurodegeneração pode abrir caminho para novas estratégias de prevenção e tratamento.

O Alzheimer, principal causa de demência no mundo e ainda sem cura, tem no diagnóstico precoce um fator essencial para retardar a progressão da doença. No caso do Parkinson, caracterizado pela perda de funções motoras e cognitivas, estudos recentes já vinham apontando que alterações gastrointestinais podem surgir antes mesmo dos primeiros sinais neurológicos.

A investigação agora publicada corresponde à maior análise de biobanco alguma vez realizada sobre o tema. Foram examinados 155 diagnósticos relacionados com distúrbios intestinais e metabólicos, revelando uma associação clara entre problemas digestivos e risco elevado de Alzheimer e Parkinson. Entre as condições identificadas estão a síndrome do intestino irritável, refluxo ácido, doença de Crohn, retocolite ulcerativa e diabetes. Também a deficiência de vitamina B foi associada a maior probabilidade de desenvolver Parkinson.

Segundo a Parkinson’s Foundation, até 70% dos pacientes apresentam obstipação, muitas vezes anos antes do surgimento dos primeiros problemas de movimento. Os investigadores afirmam que os fatores de risco ligados ao intestino podem manifestar-se até 15 anos antes dos sintomas clínicos destas doenças.

Apesar dos avanços, o estudo sublinha que outros fatores, como a predisposição genética, continuam a ter maior peso na previsibilidade do Alzheimer e do Parkinson. A pesquisa surge num contexto em que estas enfermidades estão em crescimento a nível global, afetando já mais de 400 milhões de pessoas.

Redação