As pessoas com doença celíaca devem seguir, obrigatoriamente, uma dieta isenta de glúten — atualmente, a única forma eficaz de tratamento para esta condição. Conheça o artigo da médica Inês Bento, especialista em Medicina Geral e Familiar.
Para quem tem doença celíaca, manter uma dieta totalmente isenta de glúten não é apenas uma opção, mas uma necessidade — até à data, o único tratamento comprovadamente eficaz. Saiba mais no artigo da médica Inês Bento, especialista em Medicina Geral e Familiar.
O que é a doença celíaca e como se manifesta?
A doença celíaca é uma condição crónica autoimune que afeta o sistema digestivo, resultando na intolerância ao glúten — uma proteína presente no trigo, centeio e cevada. O organismo das pessoas celíacas reage à ingestão de glúten com uma resposta inflamatória que danifica a mucosa intestinal, comprometendo a digestão e a absorção adequada dos nutrientes.
Principais sinais e sintomas da doença celíaca
Os sintomas mais comuns da Doença Celíaca são de natureza digestiva, especialmente nas crianças. Veja a lista seguinte para saber mais:
Diarreia: é o sintoma mais frequente, provocado pela má digestão e absorção de nutrientes. As fezes podem conter gordura e apresentar um odor fétido característico — resultado da má absorção das gorduras (esteatorreia);
Flatulência, arrotos e distensão abdominal: ocorrem devido à produção de gases pelas bactérias intestinais;
Perda de peso: nas crianças pequenas, pode estar associada a atraso de crescimento;
Dor abdominal;
Cansaço e fadiga: provocados pela má absorção de nutrientes e consequente má nutrição;
Entre outros.
Nos adultos, a Doença Celíaca pode manifestar-se com sintomas diferentes ou adicionais. Confira a lista abaixo:
Outros sintomas da Doença Celíaca (mais frequentes nos adultos):
Anemia: provocada pela má absorção de ferro, ácido fólico e, menos frequentemente, vitamina B12;
Hemorragias fáceis: devidas a deficiência de vitamina K;
Alterações ósseas: como osteopenia e osteoporose, associadas a má absorção de cálcio e vitamina D;
Alterações neurológicas: como fraqueza muscular ou dormência, relacionadas com a deficiência de potássio e cálcio;
Alterações do comportamento: incluindo irritabilidade e alterações de humor;
Manifestações cutâneas: como glossite, úlceras orais e dermatite herpetiforme — esta última caracterizada por lesões com comichão nas regiões dos cotovelos, joelhos e coxas;
Alterações menstruais: como ausência de menstruação (amenorreia) e, em alguns casos, infertilidade;
Entre outros.
Tipologia da Doença Celíaca e nomenclaturas associadas:
Doença Celíaca Atípica: manifesta-se com sintomas menos evidentes ou não digestivos;
Doença Celíaca Assintomática: não apresenta sintomas visíveis, mas é diagnosticada por exames laboratoriais e/ou biópsia positiva.
Diagnóstico diferencial: doenças com sintomas semelhantes à Doença Celíaca
Várias patologias podem apresentar sintomas semelhantes aos da Doença Celíaca. Por este motivo, é essencial realizar um diagnóstico diferencial cuidadoso. Entre elas, destacam-se:
Gastroenterite (de origem viral ou bacteriana);
Doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerosa e a doença de Crohn;
Infeções parasitárias, como a giardíase (Giardia);
Linfoma;
Síndromes de má absorção;
Disfunções da tiroide, como hipotiroidismo;
Síndrome do cólon irritável.
Sim! A doença celíaca tem uma forte componente hereditária, sendo que os familiares de primeiro grau (pais, irmãos, tios) apresentam uma prevalência de aproximadamente 10%. Por isso, o rastreio destas pessoas é essencial.
Para além da predisposição genética, algumas condições estão também associadas a um maior risco de desenvolver doença celíaca. Entre os principais grupos de risco, destacam-se:
Diabetes Mellitus Tipo 1 (utilizadores de insulina)
Tiroidite de Hashimoto
Síndrome de Down
Deficiência de Imunoglobulina A (IgA)
Dada esta maior suscetibilidade, o acompanhamento médico e a realização de exames de rastreio são fundamentais para um diagnóstico precoce e uma gestão adequada da condição.
Redação com Sapo.PT