Pelo menos 44 peregrinos angolanos regressaram esta quarta-feira a Luanda, após terem ficado retidos em Telavive devido à escalada de tensão entre Israel e o Irão. O grupo, em peregrinação religiosa, chegou à capital angolana proveniente da Etiópia, depois de uma longa e exaustiva viagem terrestre de 12 horas até ao Cairo, Egito.
À chegada ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, onde foram recebidos por autoridades governamentais, os peregrinos relataram momentos de grande angústia. Maria Lima, integrante da Igreja Pentecostal Ministério de Fé e Libertação, descreveu o cenário vivido em Israel como “uma experiência horrível e arrasadora”.
“Estávamos no meio de um conflito de grandes proporções, com mísseis, bombas, drones, aviões não tripulados. Foi desesperador”, afirmou à Rádio Nacional de Angola.
A pastora Ernestina Matias, líder da congregação responsável pela viagem, relatou que os confrontos iniciaram-se na madrugada de sexta-feira, obrigando o grupo a procurar abrigo num bunker devido aos constantes bombardeamentos.
“Ouvimos as instruções de segurança e, sempre que soava o alerta, corríamos para o bunker. Passámos a maior parte do tempo a orar para que Deus nos livrasse e o espaço aéreo reabrisse”, contou à Televisão Pública de Angola.
Segundo a pastora, após articulações entre autoridades diplomáticas angolanas e israelitas, foi possível organizar a evacuação do grupo para o Cairo. “Chegámos exaustos, mas continuámos a orar e a encorajar os irmãos a manterem a fé”, acrescentou.
O secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, destacou que a segurança do grupo foi prioridade, uma vez que o trajeto feito por estrada não estava previsto. Enalteceu ainda a atuação das embaixadas de Angola em Israel, Egito e Etiópia, que garantiram o regresso seguro dos cidadãos.
Atualmente, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, vivem em Israel 46 cidadãos angolanos — 16 ligados ao corpo diplomático e suas famílias, e 30 residentes, entre os quais se contam 20 adultos e 10 crianças.
A tensão entre Israel e o Irão intensificou-se desde sexta-feira, quando Telavive lançou ataques a instalações militares e nucleares iranianas, causando várias mortes, incluindo de altos dirigentes e cientistas, segundo fontes diplomáticas iranianas.