De acordo com a organização Global Footprint Network, o dia 24 de julho marca, este ano, o momento em que a humanidade terá consumido todos os recursos e serviços ecológicos que a natureza é capaz de regenerar num ano, um cálculo baseado numa atualização recente dos dados disponíveis.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a organização alerta que estamos a explorar os recursos naturais 80% mais depressa do que os ecossistemas da Terra conseguem renovar-se. Em termos práticos, isto equivale a estarmos a viver como se tivéssemos 1,8 planetas à nossa disposição.
Este nível de consumo só é possível à custa do esgotamento do capital natural, uma prática insustentável que compromete seriamente a disponibilidade de recursos no futuro, adverte a Global Footprint Network.
As consequências desta pressão excessiva sobre a natureza fazem-se já sentir:
- Desflorestação acelerada;
- Erosão dos solos;
- Perda de biodiversidade;
- Aumento preocupante da concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera.
Estes factores contribuem para fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes e para a redução da capacidade global de produzir alimentos, consequências devastadoras para países que nos últimos anos têm sofrido com incêndios, terramotos, cheias e ciclones.
Perante este cenário, a organização sublinha que a segunda maior ameaça à sobrevivência da humanidade neste século é precisamente o uso desenfreado dos recursos do planeta pela mão do Homem. A maior ameaça de todas, acrescenta, é não agir.
Uma das formas de agira apssa, também, por colaborar com associações cívicas que trabalham na preservação do ambiente:
1. Liga para a Proteção da Natureza (LPN)
Fundada em 1948, é a organização ambiental mais antiga da Península Ibérica. Dedica-se à conservação da natureza e da biodiversidade, desenvolvendo projetos de educação ambiental e gestão de áreas protegidas.
2. Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Criada em 1985, é uma das principais vozes na defesa do ambiente em Portugal. Atua em áreas como conservação da natureza, energia, resíduos e alterações climáticas, promovendo campanhas de sensibilização e projetos de recuperação de fauna e flora.
3. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)
Desde 1993, trabalha na conservação das aves e dos seus habitats. Representa a BirdLife International em Portugal e tem sido fundamental na proteção de espécies ameaçadas, como o priolo nos Açores.
4. Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)
Fundada em 1990, dedica-se à promoção da educação ambiental em contextos formais e informais, organizando conferências, cursos e projetos educativos em colaboração com escolas e autarquias.
5. SOS Animal – Portugal
Desde 2004, atua na proteção e bem-estar animal, gerindo o Hospital Veterinário Solidário em Lisboa, que presta cuidados a animais abandonados e de famílias carenciadas.
6. GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Criado em 1986, trabalha na promoção do desenvolvimento sustentável, com projetos nas áreas de ordenamento do território, conservação da natureza e educação ambiental.
Como agir?
As mudanças do dia a dia são a forma mais sustentável e económica de colaborar com o ambiente.
1. Reduzir o consumo de carne (especialmente carne vermelha)
- A pecuária é uma das maiores fontes de gases com efeito de estufa. Segundo um estudo de Joseph Poore e Thomas Nemecek sobre o impacto da “utilização do solo, emissões de gás e efeitos de estufa, da utilização de água potável e eutrofização no ambiente, durante estes processos”, o impacto da produção de leite de vaca e carne vermelha “é muitíssimo elevada”;
- Menos consumo reduz também o consumo de água e uso de solo.
2. Evitar o uso diário do carro, usar transportes públicos, bicicleta ou andar a pé
- Redução das emissões de CO₂ e da poluição do ar.
- Menor congestionamento urbano e ruído.
- Os transportes públicos são a alternativa ideal.
Um estudo recentemente publicado na revista científica Elsevier, resultado de uma colaboração internacional entre académicos, cientistas, institutos de investigação e entidades ligadas ao urbanismo, concluiu que a utilização da bicicleta constitui a opção de transporte mais favorável para a promoção da qualidade de vida e do bem-estar pessoal e do ambiente.
3. Reduzir, reutilizar e reciclar
- Menor quantidade de lixo enviado para aterros e disperso nas ruas, por recolher;
- Conservação de recursos naturais e redução da poluição;
- Diminuição da necessidade de produção de novos materiais;
- Redução da pressão sobre recursos naturais;
- Prolongar a vida útil dos aterros.
O relatório publicado pela Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos, intitulado “Advancing Sustainable Materials Management: 2020 Fact Sheet” concluiu que a taxa de reciclagem e compostagem atingiu aproximadamente 32% do total de resíduos. Esta prática evitou a emissão de cerca de 186 milhões de toneladas métricas de CO₂ equivalente, o que corresponde a retirar quase 40 milhões de carros da estrada num ano.
4. Poupar energia em casa
- Usar lâmpadas LED, desligar aparelhos da tomada, isolar janelas e paredes;
- Reduzir o consumo de eletricidade e da fatura energética;
- Menor necessidade de produção energética (muitas vezes dependente de combustíveis fósseis);
- Diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
A Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou um relatório que comprovou que medidas simples de eficiência energética evitaram a emissão de cerca de 1.5 mil milhões de toneladas de CO₂ em 2021.
5. Evitar o desperdício de água
- Preservação de um recurso essencial e escasso. Medidas simples como fechar a torneira ao escovar os dentes ou reparar fugas podem poupar até 50 litros de água por dia por pessoa;
- Reduzir a pressão sobre sistemas de abastecimento e tratamento de água;
- Menor consumo de energia usada para bombear e aquecer água.
sapo.pt