Lazlo Boloni, que orientou o Sporting, entre 2001 e 2003 (com a conquista de um título de campeão nacional pelo meio), assume que Mário Jardel foi “o jogador mais difícil de treinar”.
Lazlo Boloni concedeu uma extensa entrevista ao canal de YouTube ‘Vorbitorincii‘, na qual ‘abriu o livro’ a propósito de uma série de temas, começando, desde logo, pela passagem pelo Sporting. Mais propriamente, por Mário Jardel, que acusou de consumar cocaína, o que acabaria por levar à saída do clube.
“O jogador mais difícil de treinar e aquele com quem tive mais problemas foi Jardel. O pai e a mãe dele eram alcoólicos, o problema era esse. Eu escrevia a equipa no quadro, na presença dos jogadores, colocava-o no onze e o médico fazia-me sinal de que não era possível, porque o Jardel estava com… [passa os dedos pelo nariz]. Eles faziam o teste, para percebermos se o médico lhe podia dar luz verde para jogar, e ele estava positivo”, começou por afirmar.
“Eu era um treinador jovem, fiz um grande esforço. Estou em paz com a minha consciência, fiz o que pensava estar certo. Um dia, disse-lhe ‘Ouve, vou levar-te para o estágio comigo. Vamos e ficamos lá fechados, eu no meu quarto e tu no teu. Conversamos, comemos, treinamos, corremos…’. Ele concordou. Fiquei com as chaves do carro e dormi com ele no centro de estágios. Eu estava a fazer horas extras, nessa segunda época. Além disso, telefonava para o Brasil, falava com a mulher dele, a Karen, e com a filha. Começou tudo bem, mas, depois, tornou-se terrível”, prosseguiu.
“Ao fim de seis dias, ele disse-me ‘Não me sinto bem, vou ter de sair durante algum tempo, mas volto’. Respondi-lhe ‘Mário, eu conheço-te. Não vais a lado nenhum. Vamos lá para fora, vamos correr, fazer um exercício’. E ele ‘Sim, sim, mas eu volto’. Eu sabia que ele nunca mais iria voltar. Fez uma chamada, chegou um táxi e ele desapareceu”, completou.
“Perder Mário Jardel na minha segunda época no Sporting foi uma grande derrota”
Natural de Targu Mures, Lazlo Boloni chegou ao Sporting, no verão de 2001, depois de ter abandonado o comando técnico da principal seleção da Roménia, com a missão de suceder a Augusto Inácio, que, na época anterior, tinha conduzido o clube a um título de campeão nacional que lhe escapava há já 18 anos.
Logo na primeira época em Portugal, o treinador romeno arrecadou a I Liga, em grande parte, graças a um Mário Jardel ‘endiabrado’, que marcou 55 golos (aos quais acrescentou nove assistências) ao cabo de 42 jogos. Destes, 42 foram marcados no campeonato nacional, o que lhe valeu a Bota de Ouro.
Na segunda temporada, o rendimento do então internacional brasileiro caiu drasticamente, somando 11 golos em 19 jogos, com várias polémicas pelo meio, pelo que acabou por partir para o Bolton Wanderers. Os leões ressentiram-se, e não foram capazes de ir além de um terceiro lugar, na I Liga, assumindo Lazlo Boloni uma relação direta entre as duas situações.
“Perder Mário Jardel na minha segunda época no Sporting foi uma grande derrota para mim. Ele tinha marcado mais de 40 golos, na primeira temporada. Na segunda, estava em 6”, lamentou.
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