O realizador Ricardo Neto, uma das figuras fundadoras do cinema de animação em Portugal, morreu na terça-feira, aos 87 anos, anunciou a Casa da Animação no seu site.
“A Casa da Animação informa com pesar que um dos principais pioneiros do cinema de animação, Ricardo Neto, faleceu”, lê-se na nota da associação dedicada à promoção da animação portuguesa.
Natural de Lisboa, onde nasceu a 18 de novembro de 1937, Ricardo Neto deixou uma obra marcante e pioneira. É autor de curtas-metragens como O Tapete Vivo, O Mistério da Semente no Jardim e da célebre série O Romance da Raposa, exibida pela RTP em 1987 — a primeira série de animação integralmente produzida em Portugal para televisão, com adaptação literária de Maria Alberta Menéres a partir do clássico de Aquilino Ribeiro.
Uma carreira dedicada à animação
A sua carreira começou em 1962, colaborando com produtoras de filmes publicitários como a Prisma, dirigida por Mário Neves, e a Êxito, onde trabalhou com Servais Tiago. Em 1963-1964 integrou a Meta Filmes, ajudando a criar uma secção dedicada à animação, antes de se fixar na Telecine-Moro.
Em 1973 fundou, com Artur Correia e Armando Ferreira, a produtora Topefilme, considerada por historiadores como Paulo Cambraia um marco fundamental na história da animação portuguesa. A Topefilme esteve em atividade até 1994, dando corpo a desenhos animados publicitários e a vários filmes e séries originais.
Para além de O Romance da Raposa, a obra de Ricardo Neto inclui títulos como Torralta — Sincopado, Patilhas e Ventoinha: O Caso da Mosca da TV (para os Parodiantes de Lisboa), As Aventuras do Rabanete Saltitão, O Grão de Milho, Os Dez Anõezinhos da Tia Verde-Água e A Lenda do Mar Tenebroso.
No comunicado, a Casa da Animação e o setor da animação nacional expressam “eterna gratidão pela ousadia com que Ricardo Neto e os seus companheiros criaram a Topefilme, dando vida aos seus desenhos, histórias e sonhos, e lançando as bases do cinema de animação tal como hoje o conhecemos”.