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Mosquito, percevejo, pulga, carraça…: Um guia para identificar (e tratar) picadas de inseto no verão

Com a chegada do calor, aumentam os passeios ao ar livre, as caminhadas no campo e os fins de tarde em jardins. Mas esta época também traz riscos menos agradáveis: picadas e mordeduras de insetos como mosquitos, abelhas, carraças, pulgas, percevejos e aranhas, capazes de transformar momentos de lazer em situações incómodas ou até perigosas.

Num artigo publicado no The Conversation, os investigadores Marta Diarte Oliva e Alejandro J. Almenar Arasanz, da Universidade de San Jorge (Saragoça), explicam como identificar as picadas mais comuns, quando é necessário procurar ajuda médica e quais as formas mais eficazes de prevenção.

Sintomas e cuidados consoante o inseto

Os autores sublinham que, embora muitas picadas partilhem características semelhantes, cada inseto provoca sinais e reações específicas, exigindo cuidados próprios:

Mosquitos – Provocam vermelhidão, ligeiro inchaço e comichão intensa, normalmente resolvendo-se em três dias. Recomenda-se lavar a zona com água e sabão, aplicar compressas frias e, em casos de comichão mais forte, usar um antihistamínico tópico.

Abelhas e vespas – Causam dor imediata, inchaço ligeiro e ardor. As abelhas deixam o ferrão, que deve ser retirado, enquanto as vespas não. Deve-se aplicar gelo e, se houver reação localizada, tomar antihistamínicos orais, estando atento a sinais de alergia.

Carraças – Muitas vezes, a mordedura passa despercebida. Quando caem, deixam uma marca vermelha circular, em forma de alvo. Devem ser removidas com pinça, sem torcer ou esmagar, seguida de desinfeção e vigilância de febre ou erupções nos dias seguintes.

Pulgas – Originam pequenas manchas vermelhas, geralmente agrupadas, com comichão intensa, mais comuns nos tornozelos, pernas ou zonas apertadas pela roupa. O tratamento inclui lavar a área, usar antihistamínicos e verificar animais e têxteis domésticos.

Percevejos – Provocam múltiplas picadas agrupadas, que coçam sobretudo à noite. É necessário lavar a pele, aplicar antihistamínicos e eliminar a infestação em casa.

Aranhas – Deixam dor localizada, vermelhidão e, por vezes, duas marcas das presas. A limpeza com água e sabão e a aplicação de frio são recomendadas, procurando assistência médica se houver necrose, febre ou mal-estar.

Quando é caso para alarme

Segundo o artigo do The Conversation, a maioria destas situações é ligeira, mas existem casos que requerem intervenção rápida:

  • Anafilaxia: dificuldade respiratória, inchaço nos lábios ou pálpebras, tonturas e perda de consciência. É essencial chamar uma ambulância e, se disponível, usar um autoinjetor de adrenalina (epipen).
  • Infeção: vermelhidão crescente, calor local, pus e febre. Pode exigir antibióticos prescritos por um médico.
  • Doenças transmitidas por carraças, como a doença de Lyme: erupção em forma de alvo, febre e dores musculares ou articulares dias após a picada. Requer avaliação médica imediata.
  • Prevenção: repelentes e medidas físicas

Para evitar picadas, os autores recomendam repelentes aprovados que contenham DEET (dietiltoluamida) ou icaridina.

DEET é usado desde os anos 1950, sendo muito eficaz contra mosquitos, carraças e moscas. A duração depende da concentração: 30% garante cerca de seis horas de proteção. Pode irritar a pele ou danificar tecidos sintéticos se mal utilizado.

Icaridina, alternativa mais recente, oferece proteção semelhante com 20% de concentração, durando seis a oito horas. Tem menos odor, é menos oleosa e mais suave para a pele, sendo preferida para crianças e peles sensíveis.

Em áreas com risco de doenças como dengue, malária ou Zika, recomenda-se pelo menos 30% de DEET ou 20% de icaridina.

Além dos repelentes, é aconselhável usar roupa protetora em zonas rurais, instalar redes mosquiteiras, eliminar água estagnada e verificar o corpo após passeios no campo — especialmente virilhas, axilas e atrás das orelhas. Pessoas com alergia conhecida a picadas devem transportar sempre um epipen.

Os investigadores recordam que as picadas de insetos são comuns na primavera e verão, mas a capacidade de identificar o agente, tratar corretamente e reconhecer sinais de alarme pode ser decisiva. “Agir com informação pode ser a diferença entre um simples incómodo e uma emergência médica grave”, alertam.

sapo.pt