Este domingo, o calor extremo que se fez sentir em grande parte do país trouxe consigo fenómenos meteorológicos inesperados. Um dos mais surpreendentes ocorreu ao longo do litoral centro e norte de Portugal, onde foi avistada uma impressionante nuvem-rolo — um fenómeno atmosférico raro que deixou muitos banhistas em estado de alerta.
Segundo a página Meteo Trás-os-Montes, a formação foi visível em zonas como Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Figueira da Foz, Praia da Torreira (Aveiro) e até na Praia do Furadouro, em Ovar, onde vários vídeos captaram o momento em que a nuvem tubular, de aspeto ameaçador, se deslocava sobre o mar.
Apesar do aspeto impressionante — semelhante a uma enorme onda a rasgar o céu —, esta formação não está associada a tsunamis nem representa qualquer perigo. Trata-se de uma “roll cloud”, ou nuvem-rolo, gerada por contrastes entre massas de ar quente e frio, em conjugação com brisas marítimas. Em vez de subir verticalmente como as nuvens comuns, este tipo de formação espalha-se horizontalmente, num movimento que parece “rolar” junto à superfície.
“Hoje, um fenómeno raro chamou a atenção de muitos portugueses no litoral: uma enorme nuvem-rolo formou-se sobre o mar e foi avistada em várias zonas do país […]. Apesar da aparência impressionante, não representa perigo e não tem ligação a fenómenos como tsunamis”, explicou a Meteo Trás-os-Montes.
Fenómeno já causou pânico no passado
Apesar de invulgar em Portugal, este fenómeno já foi registado no país em 1999, no Algarve. Na altura, várias pessoas pensaram tratar-se de uma onda gigante e fugiram em massa das praias, numa situação de pânico causada por uma ilusão de ótica gerada por condições atmosféricas excecionais.
Fora de Portugal, o único local do mundo onde este fenómeno ocorre com frequência e pode até ser previsto é na região sul do Golfo de Carpentaria, no norte da Austrália, onde é conhecido pelo nome de “morning glory cloud”.
Domingo de calor extremo em Portugal
A nuvem-rolo surgiu num dos dias mais quentes do ano, marcado por avisos vermelhos emitidos pelo IPMA para vários distritos, incluindo o Alentejo, Vale do Tejo e Beira Baixa. A origem do calor está associada a uma massa de ar quente e seco proveniente do Norte de África.
Além das temperaturas elevadas, o IPMA alertava ainda para a possibilidade de aguaceiros e trovoadas dispersas, sobretudo nas regiões do interior. Em algumas zonas, a instabilidade atmosférica foi notória.