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Pai acusa Hospital de Gaia de “completa negligência” após bebé cair ao chão durante o parto. Unidade rejeita falhas e diz que “não pode ter médicos à porta da urgência”

O caso do bebé que caiu ao chão ao nascer na sala de espera do Hospital de Gaia continua a gerar indignação. O pai, Frederico Fernandes, acusa a unidade de “completa negligência” e garante que foi ele próprio quem apanhou o filho do chão, depois de ter implorado por ajuda e por uma maca para a companheira, que não se conseguia sentar e dizia que o bebé estava prestes a nascer.

“A não ser que o Levi tenha levitado, ele infelizmente caiu e fui eu que o peguei do chão”, afirmou o pai à CNN Portugal, sublinhando que ninguém no hospital ouviu os pedidos de socorro do casal, que já tinha estado na urgência duas horas antes e fora mandado para casa.

Segundo o relato, quando regressaram à unidade, a grávida já em trabalho de parto teve de cumprir novamente o protocolo administrativo.

“Quando fui pedir pela trigésima vez uma maca, ouvi as pessoas a gritar. Quando olhei, ele já estava no chão. Nasceu no chão da urgência”, contou o progenitor, revoltado também com o procedimento que obriga a parturiente a sentar-se numa maca antes de ser levada ao bloco de partos.

Pouco depois, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) confirmou ter aberto um processo de investigação ao caso.

Hospital rejeita negligência

O Hospital de Gaia nega qualquer falha e assegura que “tudo foi feito de acordo com os procedimentos previstos”, mesmo sem ter, até ao momento, analisado imagens de videovigilância ou ouvido testemunhos diretos.

“A senhora estava a entrar em trabalho de parto e rapidamente foi ativada a equipa de emergência. Foi uma questão de segundos”, afirmou Ana Margarida Fernandes, diretora clínica da unidade, acrescentando que não é possível ter “médicos à porta da urgência”.

A responsável garantiu ainda que, “na dúvida de ter havido algum problema com o bebé”, este foi imediatamente avaliado, internado e mantido sob vigilância intensiva.

“A criança esteve sempre bem e já teve alta da unidade de neonatologia para junto da mãe”, assegurou.

Grávida tinha sido enviada para casa horas antes

A direção clínica confirmou que a mulher tinha sido observada cerca de duas horas antes do parto, tendo sido considerada em “fase latente de trabalho de parto”. Por viver perto do hospital, foi-lhe dada alta com as recomendações habituais.

“Em obstetrícia há situações imprevisíveis, nomeadamente trabalhos de parto precipitados. Felizmente são raros”, explicou a ginecologista-obstetra Evelin Pinto.

A mãe e o bebé mantêm-se internados por precaução. Segundo a diretora do Serviço de Pediatria e Neonatologia, Maria Isabel Carvalho, o recém-nascido “está bem, alimenta-se normalmente e permanece sob vigilância até que seja seguro regressar a casa”.

O episódio, porém, reacende o debate sobre os procedimentos de triagem nas urgências e a falta de meios humanos em hospitais públicos, num momento em que as denúncias de negligência e sobrecarga dos serviços voltam a expor fragilidades no sistema nacional de saúde.

Redação