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Salários em Portugal crescem abaixo da inflação e poder de compra continua a encolher

Um estudo da Mercer Portugal revela que, em 2025, a diferença salarial entre homens e mulheres em Portugal continua a rondar os 14%, valor acima da média europeia (10%). Mas, para além da desigualdade de género, o relatório expõe outro problema estrutural: os salários em Portugal continuam demasiado baixos e incapazes de acompanhar o custo de vida.

De acordo com o Total Compensation 2025, os aumentos salariais projetados para 2025 e 2026 situam-se em torno dos 3,5%, abaixo dos 4% registados em 2024 e muito aquém do que seria necessário para recuperar o poder de compra perdido durante os últimos anos de inflação elevada. Entre 2023 e 2024, os salários tiveram um crescimento efetivo de 6,1%. Já em 2025, a variação face ao ano anterior caiu para apenas 2,2%, enquanto preços da habitação, energia e alimentação continuam a pesar cada vez mais nos orçamentos familiares.

Apesar dos pacotes de benefícios extrassalariais apresentados pelas empresas — como seguros de saúde, subsídio de refeição ou dias adicionais de férias —, a realidade é que a maioria dos trabalhadores portugueses continua a viver com salários médios insuficientes, pressionados pela precariedade laboral, pela especulação imobiliária e por uma economia que privilegia setores de baixa remuneração.

Enquanto as empresas apontam “retenção de talentos” como um dos seus maiores desafios, a verdade é que muitas não oferecem condições competitivas que permitam aos trabalhadores viver dignamente. O mercado português continua a perder profissionais qualificados para o estrangeiro, onde os salários são mais altos e as perspetivas de carreira mais atrativas.

O estudo confirma, assim, uma contradição já evidente: em Portugal, fala-se em “equidade” e “transparência salarial”, mas o essencial continua por resolver — salários que cresçam de facto acima da inflação e permitam às famílias escapar a um ciclo permanente de perda de poder de compra.

 

Redação com sapo.pt